Pirataria no Índico
por Carlos Santos Neves, RTP actualizado às 10:22 - 15 Abril '09
por Carlos Santos Neves, RTP actualizado às 10:22 - 15 Abril '09
Lisboa - PORTUGAL
Piratas da Somália atacam segundo cargueiro norte-americano
Em 2008, a pirataria no Índico fez um rombo de 80 milhões de dólares nos cofres das empresas de transporte marítimo Paul Farley (NVNS), EPA
Os piratas que operam ao largo da Somália atacaram um cargueiro dos Estados Unidos que transportava ajuda humanitária para o Quénia. O "Liberty Sun" foi atingido durante horas por granadas de morteiro e disparos de espingardas automáticas, até ser socorrido pelo mesmo contratorpedeiro que resgatou o capitão do navio norte-americano "Alabama".
No espaço de uma semana, os piratas somalis já
ensaiaram dois assaltos a cargueiros norte-americanos. Mas os ataques
estendem-se a todos os tipos de pavilhões. Em menos de três meses, os bandos de
piratas do Corno de África atacaram pelo menos 78 navios. Dezanove foram
apresados. Dezasseis permanecem sob sequestro dos assaltantes, que mantêm
cativos mais de 300 reféns de uma dúzia de nacionalidades.
No domingo, o contratorpedeiro da Armada norte-americana "USS Bainbridge" pôs termo ao cativeiro de cinco dias do capitão Richard Phillips, capturado por piratas depois de uma abordagem a um cargueiro dos Estados Unidos. Atiradores especiais da força de elite Seal abateram três dos quatro piratas que mantinham cativo o capitão norte-americano do "Alabama". Um quarto homem acabou por se render. Philips oferecera-se como refém para garantir a segurança da sua tripulação.
O Presidente dos Estados Unidos, que autorizou a operação de resgate, prometeu reforçar os meios de combate à pirataria ao largo da Somália. Nas 48 horas que se seguiram às declarações de Barack Obama, mais cinco navios foram alvo das manobras dos piratas, entre os quais o cargueiro "Liberty Sun".
"Estamos a ser atacados por piratas"
Durante a tentativa de assalto ao "Liberty Sun", Thomas Urbik, um dos 20 tripulantes do navio, encontrou tempo para enviar um e-mail à mãe. "Estamos a ser atacados por piratas, estamos a ser atingidos por rockets. E também balas. Estamos barricados na casa das máquinas e até agora ninguém ficou ferido", escreveu o tripulante de 26 anos numa mensagem de correio electrónico obtida pela Associated Press.
O capitão do cargueiro apressou-se a pedir ajuda à Armada norte-americana. Quando o "USS Bainbridge" chegou, cerca de seis horas após o início do ataque, os piratas já haviam abandonado o local. O contratorpedeiro limitou-se a escoltar o "Liberty Sun" até ao Quénia.
A Liberty Maritime, empresa proprietária do cargueiro com sede em Lake Success, Nova Iorque, emitiu um comunicado a saudar "toda a tripulação pelo seu profissionalismo e postura debaixo de fogo".
Piratas desafiam Estados Unidos
Até ao momento, as patrulhas navais internacionais têm-se mostrado incapazes de controlar o recrudescimento da pirataria no Corno de África. A vastidão do teatro de operações e a agilidade dos bandos têm dificultado a acção dos vasos de guerra. O comando da força naval da NATO destacada para a Somália tem sido assegurado pela fragata da Armada portuguesa "Corte Real". Os navios da Standing NATO Maritime Group One vão deixar a região no início da próxima semana para participar em exercícios no Paquistão e em Singapura. O regresso à costa africana do Índico está previsto para Junho.
Os piratas alegam ser parte activa num combate à pesca ilegal e às descargas de resíduos tóxicos em águas da Somália. Contudo, as suas manobras excedem largamente os limites territoriais e as fronteiras da protecção dos recursos somalis. Cada um dos navios apresados pode render até um milhão de dólares aos bandos de assaltantes. Dados do Governo queniano avaliam em 150 milhões de dólares o montante extorquido em acções de pirataria no ano passado.
Em declarações à Associated Press, Omar Dahir Idle, um pirata da cidade costeira de Harardhere, garantiu que os bandos vão intensificar os ataques no Golfo de Aden para demonstrar que não se deixam intimidar pelas palavras de Obama: "Os nossos últimos sequestros têm por objectivo mostrar que ninguém pode impedir-nos de proteger as nossas águas do inimigo, porque acreditamos em morrer pela nossa terra".
História
Fonte: Wikipedia, a enciclopédia livre
Pirataria na Somália
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ir para: navegação, pesquisa
Piratas mantendo a tripulação do navio de pesca chinês Tianyu 8 como reféns.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
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Piratas mantendo a tripulação do navio de pesca chinês Tianyu 8 como reféns.
A pirataria na costa da Somália tem sido uma ameaça à marinha mercanteinternacional desde o início da guerra civil daquele país, na década de 1990. Em especial desde 2005 diversas organizações internacionais, incluindo aOrganização Marítima Internacional e o Programa Alimentar Mundialexpressaram sua preocupação com o aumento nos atos de pirataria;a atividade contribuiu para um aumento nos custos do transporte marítimo, e impediram a entrega de remessas assistenciais de alimentos. Noventa porcento das remessas do Programa Alimentar Mundial são enviados pelo mar, e os navios passaram a precisar de escolta militar.
O estado caótico da Somália e a falta de um governo
central, aliados à localização do país no Chifre da
África, criaram as condições apropriadas para o
crescimento da pirataria na
região, no início da década de 1990.
Com o colapso do governo central, barcos e navios pescando ilegalmente
nas águas da Somália passaram a ser comuns. Os piratas estavam interessados,
inicialmente, em assumir o controle das águas do país antes que empresários
ou milicianos se
envolvessem. Os atos de pirataria foram interrompidos temporariamente com
a ascensão ao poder da União das Cortes Islâmicas,
em2006,
quando a lei
islâmica foi implantada no pais. As atividades de
pirataria foram, no entanto, retomadas depois da invasão da Somália
por tropas daEtiópia.
Alguns piratas são antigos pescadores, que argumentam que os navios estrangeiros estão ameaçando seu sustento pescando nas águas somalis. Após ver o lucro potencial que a atividade oferecia, já que os resgates costumam ser pagos, os chefes militares começaram a facilitar e até mesmo patrocinar estas atividades, dividindo os lucros com os próprios piratas.Na maioria dosseqüestros realizados as vítimas não são machucadas, para que o pagamento dos resgates sejam realizados.Pelo contrário, os seqüestradores tratam bem seus reféns, na esperança de receberem os resgates, a ponto de contratar empresas na costa da Somália que lhes cozinhem pratos que agradem gostos mais "ocidentalizados", como espaguete, peixes grilhados e carnes assadas, e manter um fornecimento constante de cigarros e bebidas alcóolicas das lojas no litoral.
O Governo Federal de Transição fez alguns esforços para combater a pirataria permitindo ocasionalmente que navios estrangeiros entrem em território somali. No entanto, na maioria das vezes os navios estrangeiros que perseguiam piratas eram obrigados a interromper a perseguição sempre que os piratas entravam em águas territoriais somalis.O governo da Puntlândia fez algum progresso no combate à pirataria, evidente por algumas intervenções recentes.
Em junho de 2008, logo após o envio de uma carta do Governo Federal de Transição para o presidente do Conselho de Segurança das Nações Unidaspedindo por ajuda da comunidade internacional em seus esforços para lidar com os atos de pirataria e assaltos armados cometidos contra navios na costa da Somália, uma declaração foi aprovada por unanimidade autorizando as nações que fizerem acordos com o Governo Federal de Transição a entrar em águas territoriais somalis para lidar com os piratas. A medida, promulgada pelaFrança, pelos Estados Unidos e pelo Panamá, tem duração de seis meses. A França, inicialmente, desejava que a resolução abrangesse outras regiões que sofram com problemas de pirataria, como a África Ocidental, porém enfrentou a oposição do Vietnã, da Líbia e, mais importante, da China, que tem poder deveto e desejava que esta autorização de violação de soberania fosse limitada à Somália.[10]
Em 21 de novembro de 2008 a BBC News relatou que a Marinha da Índia teria recebido a aprovação das Nações Unidas para entrar em águas somalis e combater a pirataria.[11]
Presença militar
Diversas nações, membros ou não da OTAN, enviaram navios de guerra para região com o propósito de escoltar os navios comerciais e tentar impedir atos de pirataria.
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